quinta-feira, 12 de outubro de 2017

BREVE APRECIAÇÃO DA CONJUNTURA

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Enquanto a vida segue para lá de "tranquila" em nosso país, com a operação desmonte prosperando sem quaisquer atropelos - um 'aperitivo': "Brasil perderá 1 trilhão do pré-sal com nova lei do petróleo" (aqui) -, os ânimos persecutórios contra o ex-presidente Lula parecem se acirrar: de  repente, no dia em que sua defesa anuncia o propósito de apresentar originais dos recibos de aluguel do famoso apartamento, a mídia, notadamente a 'blogosfera', anuncia a invasão da residência de um filho do ex-presidente, em Paulínia-SP, com 'fundamento' em denúncia anônima sobre posse/tráfico de drogas, sendo que nada de ilegal foi encontrado, o que não impediu a apreensão de computador (!!). Tal ocorrência surreal, convém registrar, tem um destino certo: o baú de assuntos solenemente desprezados pela grande mídia, como os citados pelo jornalista Luis Nassif no texto abaixo. 
(E pensar que conglomerados de comunicação brasileiros se orgulham de exercitar a ética/isenção, e o principal deles vangloria-se de conduzir sua atuação à vista de um estatuto, um código de conduta...).


Ao afastar delegado, Alckmin pode definir episódio relevante

Por Luis Nassif

O afastamento do delegado Carlos Renato de Melo Ribeiro, de Paulínia, e abertura de procedimento investigativo para analisar as circunstâncias da invasão de residência de Marcos Claudio, filho de Lula, representa um ponto de inflexão na curva do autoritarismo pátrio.
Louve-se o governador Geraldo Alckmin pelo procedimento.
O grande problema do quadro atual foi o liberou geral, estimulando os atos arbitrários generalizados, com delegados, procuradores, juízes de direito exercitando um poder abusivo na caça aos “inimigos”.  
É uma praga da mesma natureza daquela preconizada por Pedro Aleixo, quando da assinatura do AI5. Qualquer porteiro de cadeia transformou-se em autoridade suprema contra o “inimigo”. Quanto mais apagado o delegado e o procurador, maior a ânsia por demonstrar poder.
Com a atual onde persecutória, os filhos do Ministro Luís Roberto Barroso espalharam-se por todos os cantos do país. Esse quadro foi agravado pelo posicionamento vergonhoso das associações de juízes e procuradores endossando os abusos de delegados da Polícia Federal e procuradores de Santa Catarina, que levaram ao suicídio do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina. São instituições que não conseguem avançar além do corporativismo mais canhestro.
Como José Robalinho, presidente da ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República) e Roberto Carvalho Veloso, presidente da Ajufe (Associação dos Juízes Federais) puderam endossar uma operação como aquela, que conduz como criminosos sete professores universitários, que jamais foram intimados a depor, que procede à revista humilhante, investigando até o ânus das pessoas detidas. É nítido o desejo de humilhar, o prazer sádico que acomete mentes doentias. É uma desmoralização para a ANPR e a AJUFE dirigentes que endossam essa tara, assim como a banalização da condução coercitiva.
Em Sâo Paulo, até agora, a caça a Lula fez com que uma procuradora interrompesse as obras do Museu do Trabalhador, incriminasse técnicos inocentes e deixasse o museu abandonado, demonstrando o prejuízo que o burocratismo do Ministério Público provoca no país.
Outro delegado invadiu uma escola do Movimento dos Sem Terra agredindo mulheres, idosos e crianças. Em ambos os casos, sem que nada acontecesse, sem que ninguém os responsabilizasse.
Com a decisão de Alckmin, cria-se uma tentativa de disciplinamento, ainda que pequeno, a essa exteriorização do autoritarismo mais doentio.
A partir de agora, parte dos pequenos tiranos pensará duas vezes antes de perpetrar o próximo abuso. E o alerta virá pela parte mais vulnerável, o cérebro inferior. Tudo dependerá do desfecho do episódio, se com punição exemplar, fazendo valer a autoridade de Alckmin, se tergiversando e alimentando a serpente da indisciplina.  -  (Fonte: aqui).

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