domingo, 15 de outubro de 2017

SOBRE A TEORIA DA EVOLUÇÃO

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Evolucionismo, Criacionismo (e sua 'variante' Desigh Inteligente - aqui)... eis o 'universo particular' por onde circulam especulações, crenças e convicções acerca da origem da vida. Imagine-se, por exemplo, o 'universo' de quem transita desde a adolescência entre abordagens sobre Darwin/Darwinismo e os Testamentos Bíblicos, com passagens por Daniken (sim, Daniken, circa 1972 e desde então!)... Todas as fontes (e 'fontes') se revelam propícias, se o tempo for generoso e oferecer oportunidade...


Sobre a teoria da evolução

Por Gustavo Gollo

Questões introdutórias
Poucas ideias foram tão aviltadas quanto a teoria da evolução. Com enorme frequência, a ignorância tem sido distribuída com muito mais prodigalidade que o conhecimento. Mais de um século e meio após a apresentação das ideias de Darwin, elas ainda são vastamente ignoradas em muitas partes do planeta. Confesso ter dificuldade em compreender as causas dessa falha, embora consiga ver uma delas com certa clareza.
Parte considerável dessa ignorância decorreu da especialização excessiva, flagelo que varreu o século XX e que está em vias de ser saneado, espero. Essa disposição lastimável costumava antolhar os cientistas, impossibilitando-lhes a compreensão de qualquer assunto que não correspondesse a seu estreitíssimo campo de interesse, alguma sub-sub-área de interesse compartilhado por umas poucas dúzias de outros monomaníacos pelo mundo, e apenas por eles, frequentemente desconectada até de seus próprios fundamentos.
Estudos sociológicos talvez acabem por desvendar a índole de tais criaturas, os especialistas, como um subproduto das linhas de produção estabelecidas pela revolução industrial. Seja como for, com enorme frequência, eminentes doutores, possuidores orgulhosos de um vasto cabedal de conhecimentos sobre algum detalhe irrisório de qualquer picuinha, não conseguiam conectar sua sabedoria com os fundamentos do conhecimento de sua própria área, fato estarrecedor que não permaneceu despercebido.
Olhares atentos, e saudosos de tempos passados, notaram que a tão proclamada sabedoria dos cientistas era, muitas vezes, sustentada por eles sem qualquer argumentação, mas com apelos a dogmas supostamente incontestáveis contidos em seus alfarrábios. Muitos religiosos reconheceram, nessa prática, seus próprios hábitos, quando eram, eles mesmos, os detentores da sabedoria, sustentada por seu livro sagrado, causando-lhes indignação a substituição de seus conhecimentos sagrados por dogmas moderninhos diluídos em uma vasta profusão de compêndios atualizados a cada nova edição.
*Vale notar que, nas regiões rurais, onde as chuvas governam o plantio e, consequentemente, o cotidiano dos habitantes locais – os agricultores –, os religiosos protagonizam costumeiramente, até hoje, danças da chuva, durante as quais rezam e entoam cânticos esganiçados em longas procissões, para que as divindades se compadeçam e se encarreguem de promover a chuva.
Mais ladinos que os dogmáticos doutores antolhados em suas hiperespecializações, no entanto, pastores protestantes perceberam um rico filão a ser explorado entre as hostes de especialistas incapazes de defender os fundamentos de seus conhecimentos com argumentações racionais. Trataram, assim, de desafiar os sábios doutores, frequentemente ignorantes quanto a tudo o que não pertencesse à sua minúscula subárea. Imbuídos do propósito de restabelecer a supremacia de seu livro sagrado sobre os compêndios moderninhos dos especialistas, ousados pastores dirigiram-se ao campo do adversário, adentrando as universidades de bíblia em punho, em desafio à pregação dos doutores.
Em defesa da teoria da evolução, fundamento de toda a biologia, tais especialistas empunharam seus livros, contrapondo-os ao antigo e ultrapassado livro dos religiosos – de acordo com seu ponto de vista –, para dali sacarem referências fortemente embasadas em outras referências, por sua vez sustentadas por outras, também fundamentadas sucessivamente por outras, até as náuseas.
Foi assim, empunhando seus alfarrábios abarrotados de referências rigorosamente embasadas em outras referências que os sábios especialistas se lançaram contra o ataque dos pastores armados com seu livro sagrado e com a lábia dos que fazem do convencimento o seu meio de vida.
Por vários locais, os embates se sucederam, contrapondo dogma contra dogma, deixando os pobres especialistas em polvorosa, perplexos e temerosos, incapazes de conter as arremetidas dos ladinos pastores que, desse modo, fortaleciam suas próprias imagens ante seus rebanhos, clamando também pela retomada de seu antigo poder alicerçado em seu livro sagrado.
Pobres especialistas.
Creio ter sido essa a causa principal da má fama imputada à teoria da evolução.
Mas, haverá salvação para tão má afamada teoria? Ou será ela um mero conjunto de disparates caricaturais?

Também creio que a causa da derrota tenha sido a ignorância. Talvez tenha sido o hábito de exigir referências rigorosamente embasadas que permitiu que um enorme contingente de especialistas da área biológica nunca tivessem lido o clássico de Darwin, “Sobre a origem das espécies”. Surpreendentemente, poucos desses especialistas têm mais que uma vaga noção de evolução, o fundamento de toda a biologia. Teria sido preferível conhecer os argumentos às referências.
Prometi em texto anterior (especiaçãoapresentar minha própria versão da teoria, farei isso amanhã. Achei conveniente que tal apresentação fosse precedida por estes prolegômenos.
Minha versão da evolução se destina a todos os jovens inteligentes, os que já possuem ideias preconcebidas dificilmente as mudarão. Além deles, convido à leitura, também, precipuamente, os oriundos das áreas exatas, estudantes e profissionais de computação, matemática, física, e engenharias, creio que serão eles os mais interessados em minha versão da teoria. Acredito que todos os interessados em sistemas complexos farão proveito dessa maneira de ver o mundo que talvez os surpreenda.
Mais que tudo, prometo apresentar ciência viva, vibrante e original.  -  (Fonte: aqui).

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